Se você está planejando abrir uma Empresa Credenciada de Vistoria (ECV), é fundamental conhecer as exigências do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) em relação aos equipamentos necessários para realizar as vistorias.
Esses equipamentos são essenciais para garantir a segurança e a qualidade dos serviços prestados. Além disso, estar em conformidade com as normas é importante para evitar atrasos no credenciamento.
Entre os equipamentos, estão lanterna, boroscópio, paquímetro, profundímetro, medidor de transmitância luminosa, medidor de espessura, trena, dispositivo para testar engate de reboque, entre outros. Cada um deles tem uma função específica e é essencial para garantir uma vistoria veicular completa e precisa.
No artigo de hoje, apresentaremos uma explicação dos principais equipamentos exigidos pelos Detrans para uma ECV. Então, se você está pensando em abrir uma empresa de vistoria veicular ou quer saber mais sobre o assunto, continue lendo e fique por dentro de tudo o que é necessário para iniciar esse tipo de negócio!
Resoluções, Portarias e Instruções de Serviço
A Resolução Contran nº 941/2022 e as Portarias e Instruções de Serviço dos Detrans estabelecem as normas e os procedimentos técnicos que as ECVs devem seguir. Isso inclui os equipamentos necessários para realizar a vistoria veicular de forma segura e eficiente.
A utilização de equipamentos em conformidade com as normas estabelecidas é fundamental para garantir a precisão e a confiabilidade das informações coletadas durante a vistoria.
Além disso, seguir os requisitos estabelecidos pelo Contran e pelo Detran é importante para manter a integridade e a credibilidade, facilitando o credenciamento da ECV. Ao cumprir as exigências legais, a empresa demonstra o seu comprometimento com a qualidade dos serviços prestados aos clientes.
Por fim, é importante ressaltar que o descumprimento das normas pode acarretar sanções legais, como multas e até mesmo a cassação do credenciamento para realizar o serviço.
Equipamentos
Com os instrumentos adequados, a ECV cumpre as normas dos órgãos de trânsito e garante uma vistoria justa, detectando não conformidades com mais rigor.
É importante reforçar que aqui iremos apresentar apenas os principais equipamentos. Por isso, é essencial conferir a Portaria ou Instrução de Serviço do estado onde você pretende abrir sua ECV para verificar todos os equipamentos exigidos.
Além disso, em alguns estados, certos equipamentos devem estar acompanhados de certificado de calibração metrológica.
Confira abaixo os principais equipamentos para ECV!
Lanterna de luz ultravioleta
A lanterna de luz ultravioleta auxilia na conferência da autenticidade dos documentos do veículo, como a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o Certificado de Registro de Veículo (CRV). É possível verificar se os documentos possuem as marcas de segurança exigidas pelos órgãos competentes, como a marca d’água e o holograma.
Além disso, a lanterna também ajuda na identificação de possíveis adulterações em peças e componentes do veículo, como o chassi, as placas e os vidros. Ela pode ajudar a detectar marcas de tinta, remendos e outras irregularidades que podem indicar uma possível fraude.
Dessa forma, a utilização da lanterna de luz ultravioleta é uma medida importante para combater a falsificação de documentos e a adulteração de veículos. Isso garante a segurança no trânsito e a integridade do sistema de registro e licenciamento de veículos.
Boroscópio
O boroscópio é um equipamento utilizado para alcançar áreas de difícil acesso do veículo, como o motor e o chassi de alguns modelos. Ele consiste em uma haste flexível, com uma câmera na ponta, conectada ao smartphone por entrada USB, WiFi ou Bluetooth – isso varia de acordo com a exigência do estado – para visualização das imagens capturadas.
Assim, ele permite a realização de vistorias sem a necessidade de desmontar componentes ou estruturas do veículo. Isso reduz o tempo da vistoria e o custo do usuário. Isso porque, caso contrário, o cidadão teria que levar o veículo a uma oficina e, posteriormente, retornar à ECV.
Dessa forma, o boroscópio é um equipamento indispensável a ECV. Ele auxilia na verificação da autenticidade das numerações de chassi e motor, garantindo a integridade do veículo e evitando possíveis fraudes.
É importante lembrar que o boroscópio deve ser compatível com o sistema utilizado pela ECV para fazer as vistorias. Portanto, antes de adquirir o equipamento, é preciso validar com a empresa de TI quais modelos são integráveis ao aplicativo.
Com essa tecnologia, a ECV pode oferecer um serviço mais completo ao cidadão, fornecendo um serviço mais ágil e sem custos adicionais. O boroscópio desempenha um papel fundamental na garantia da conformidade e transparência nas vistorias veiculares.
Paquímetro
O paquímetro é um instrumento de medição utilizado em diversos segmentos de trabalho. Na vistoria veicular, ele é utilizado para medir, com precisão, o tamanho de eventuais danos presentes no para-brisa do veículo, garantindo que estejam em conformidade com as normas de segurança estabelecidas pela Resolução Contran nº 960/2022.
“Muitas pessoas acreditam que o para-brisa não pode ter danos de forma alguma. Porém, na verdade, existem regras para que esse dano possa ser aprovado na vistoria. Uma das regras é que o dano deve ser menor que 4 cm de diâmetro”, explica o instrutor técnico de treinamentos de vistoria veicular, Willian M.
Existem duas versões do paquímetro: a analógica e a digital. Geralmente construído em metal ou plástico, o paquímetro analógico possui lâminas móveis que se sobrepõem para realizar as medições desejadas. O usuário ajusta as lâminas até que se encaixem no diâmetro a ser medido. Então, a leitura é feita por meio de uma escala graduada no próprio instrumento.
Por outro lado, o paquímetro digital apresenta uma tela em vez de uma escala analógica, permitindo uma leitura mais precisa e fácil das medições. Alguns modelos de paquímetro digital também oferecem funcionalidades adicionais, como a capacidade de armazenar medições, converter unidades de medida, entre outras opções.
Em suma, tanto o paquímetro analógico como o digital são ferramentas valiosas para realizar medições precisas e diversas. A escolha entre as duas versões dependerá das necessidades específicas da ECV.
Profundímetro
O profundímetro é um instrumento utilizado para medir o sulco do pneu, a fim de realizar uma verificação sobre suas condições de conservação e vida útil, devido ao desgaste oriundo do uso.
Essa apuração é importante pois o Contran proíbe a circulação de veículo com pneu cujo desgaste da banda de rodagem tenha atingido os indicadores TWI ou cuja profundidade remanescente seja inferior a 1,6 mm. Aqueles com profundidade inferior àquela indicada pela Resolução Contran nº 913/2022 causam baixa aderência do veículo na pista, comprometendo a estabilidade e frenagem.
Esse instrumento também tem sua versão analógica e a digital. A versão analógica apresenta uma escala graduada que exibe as medidas na própria haste, com um indicador que se movimenta ao longo do equipamento.
Para utilizá-lo, é preciso inserir o pino do instrumento no sulco do pneu, obtendo a medida pela escala graduada. Essa medida indica a profundidade do sulco em milímetros ou polegadas.
A versão digital do profundímetro, ao contrário do profundímetro analógico, usa tecnologia eletrônica para realizar as medições, sendo mais preciso. Ao entrar em contato com o sulco do pneu, o profundímetro digital utiliza um sensor interno para determinar a profundidade, exibindo a medida em um visor digital de fácil leitura.
Os profissionais apreciam a facilidade de uso, rapidez nas medições e precisão dos resultados dos profundímetros digitais.
Medidor de transmitância luminosa
Embora não seja obrigatório em todos os estados, o medidor de transmitância luminosa é um importante aliado para medir a quantidade de luz que é capaz de passar através dos vidros do veículo.
Como é um costume aplicar o insulfilm (ou película de proteção solar), o medidor de transmitância luminosa auxilia o vistoriador a entender se o veículo está de acordo com as normas de trânsito e segurança estabelecidas pelo Contran por meio das Resoluções nº 960 e 989/2022.
O dispositivo mede a transmitância luminosa em porcentagem, e os valores máximos permitidos variam para cada tipo de vidro e localização. Por exemplo, no vidro para-brisa e nos vidros laterais dianteiros, a transmitância luminosa mínima permitida é de 70%. Já para os laterais traseiros e vigias traseiros, vidros não críticos à dirigibilidade, esse valor pode ser inferior a 70%.
Ao realizar a medição da transmitância luminosa dos vidros do veículo com esse instrumento, é possível verificar se o veículo está de acordo com essas normas.
Se o vistoriador constatar que a transmitância luminosa não respeita o limite permitido, ele deve reprovar o laudo de vistoria. Então, o proprietário terá que fazer a regularização para que possa passar por uma nova vistoria.
Medidor de espessura de camadas de base ferrosa e não ferrosa
O chassi é uma das partes mais importantes de um veículo, pois contém informações vitais sobre sua identificação, histórico e características. Ele pode sofrer alteração devido a acidentes ou à corrosão pelo tempo ou pela umidade, por exemplo. Nesse sentido, a remarcação consiste em um procedimento legal, mas que precisa seguir uma série de procedimentos para regularização.
A remarcação da numeração do chassi acompanha as letras “REM” ao final, aparecendo assim, também, no campo do chassi no Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLVe).
Porém, qualquer alteração ou divergência da numeração de chassi que não esteja documentada pode levantar suspeitas de adulteração na identificação veicular, sendo fundamental sua constatação para detectar fraudes.
Nesse contexto, o medidor de espessura de base ferrosa e não ferrosa desempenha um papel crucial, auxiliando o vistoriador na identificação de possíveis alterações ou irregularidades na região do número do chassi.
O instrumento detecta diferenças nas medidas da espessura da região do número do chassi. Qualquer discrepância significativa pode indicar alterações não autorizadas e/ou regularizadas. Um exemplo é a emenda de massa plástica ou sintética feita na chapa do suporte de gravação do chassi, com o intuito de alterar ou impossibilitar a identificação do veículo.
O medidor de espessura traz benefícios para o processo de vistoria veicular, ajudando a identificar adulterações que poderiam passar despercebidas em uma verificação apenas a olho nu. Com isso, é possível evitar a comercialização de veículos irregulares e proteger os consumidores de fraudes.
Trena
A trena auxilia na medição da altura dos veículos, comprimento do chassi, balanço traseiro etc. Como exemplo, veja o que diz a Resolução Contran nº 916/2022 sobre a suspensão de veículos:
“Os veículos que sofrerem alterações no sistema de suspensão ficam obrigados a atender aos seguintes limites e exigências:
Veículos com Peso Bruto Total (PBT) até 3.500 kg:
a) O sistema de suspensão poderá ser fixo ou regulável;
b) A altura mínima permitida para circulação deve ser maior ou igual a 100 mm, medidos verticalmente do solo ao ponto mais baixo da carroceria ou chassi, conforme figura apresentada no Anexo VI;
c) O conjunto de rodas e pneus não poderá tocar parte alguma do veículo quando submetido ao teste de esterçamento.
Veículos com PBT acima de 3.500 kg:
a) Em qualquer condição de operação, o nivelamento da longarina não deve ultrapassar dois graus a partir de uma linha horizontal;
b) A verificação do cumprimento do disposto na alínea “a” deve ser feita conforme o Anexo VII;
c) As dimensões de intercambialidade entre o caminhão trator e o rebocado devem respeitar a norma NBR NM ISO 1.726;
d) É vedada a alteração na suspensão dianteira, exceto para instalação do sistema de tração ou para incluir ou excluir eixo auxiliar, direcional ou autodirecional.
Os veículos que tiverem sua suspensão modificada, em qualquer condição de uso, devem ter inseridos no campo das observações do CRLVe a altura livre do solo.
Não se aplicam as disposições deste artigo aos veículos de duas ou três rodas e aos quadriciclos.
Compete a cada entidade executora das modificações e ao proprietário do veículo a responsabilidade pelo atendimento às exigências em vigor.”
Dispositivo para testar engate de reboque
Na vistoria veicular, o dispositivo para testar o engate é serve para verificar se as conexões elétricas do veículo trator e do reboque estão em conformidade com as normas de segurança exigidas pelo órgão responsável.
Ele apresenta uma série de luzes LED a fim de validar se as conexões elétricas estão funcionando de maneira correta ou não, sendo importante para garantir a segurança durante o transporte de cargas e evitar acidentes causados por falhas nas conexões elétricas do engate.
Normalmente, há uma luz para indicar se as luzes do reboque estão funcionando corretamente; outra para indicar se os freios estão funcionando corretamente; e outra para indicar se os sinais de direção estão funcionando corretamente.
Caso alguma luz não acenda, é sinal de que há um problema que precisa de correção nas conexões elétricas. O vistoriador deve reprovar o veículo e o cidadão deve retornar à ECV após o reparo.
Qualidade dos equipamentos
Para realizar as atividades de vistoria veicular, é necessário tem bons equipamentos para um resultado de trabalho eficiente. Em alguns estados, certos equipamentos devem ser adquiridos junto a um certificado da Rede Brasileira de Calibração (RBC), como é o caso do profundímetro e do medidor de espessura no estado de Goiás.
Esse certificado é uma garantia de que os equipamentos foram submetidos a testes rigorosos e estão em conformidade com os padrões estabelecidos. Isso atesta a qualidade dos equipamentos, evidenciando sua precisão e, consequentemente, a exatidão das informações obtidas durante a vistoria. Assim, abre-se menos espaço para erros e eventuais contestações por parte dos clientes, por exemplo, evitando a perpetuação de fraudes e possíveis acidentes de trânsito.
A qualidade dos equipamentos utilizados pelas Empresas Credenciadas de Vistoria desempenha um papel crucial na confiabilidade do trabalho realizado. Quando se trata de vistoria veicular, é essencial investir em equipamentos de alta qualidade para garantir resultados precisos e eficientes.
Um ponto crucial para o funcionamento e sucesso da ECV, além da qualidade dos equipamentos, é o investimento em bons profissionais, dos quais o Detran exige formação em vistoria veicular ministrada por escola credenciada.
É muito importante contratar profissionais que tenham vasto conhecimento sobre vistoria veicular e saibam operar os equipamentos de maneira correta, mitigando erros, tornando o serviço mais ágil e contribuindo para o sucesso da ECV.
Auditoria e fiscalização do Detran sem aviso prévio
Para se credenciar ao Detran, a ECV deve apresentar uma série de documentos referentes à habilitação jurídica, regularidade fiscal, trabalhista e econômico-financeira, qualificação técnica e à infraestrutura técnico-operacional.
Além disso, é preciso passar por uma auditoria do Detran, sendo esse o último passo para o credenciamento. Durante a auditoria, o órgão analisa todos os aspectos exigidos pela respectiva Portaria, sobretudo os equipamentos utilizados durante a vistoria.
Por isso, é fundamental seguir atender todos os requisitos do Detran, investir em equipamentos de boa qualidade e mantê-los bem conservados. Isso contribui positivamente para a aprovação da ECV na auditoria.
Ademais, após o credenciamento, um dos deveres de qualquer ECV é manter sua documentação e infraestrutura técnico-operacional atualizadas e disponíveis a qualquer momento para fins de fiscalização do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de sua respectiva unidade federativa.
Por sua vez, o Detran pode fiscalizar as empresas prestadoras de serviço a qualquer momento, sem qualquer restrição ou aviso prévio – em geral, sob pena de suspensão das atividades por 30 dias na primeira ocorrência, 60 dias na segunda e 90 dias na terceira.
Um outro ponto importante para a infraestrutura técnico-operacional da ECV são os equipamentos eletrônicos e seus agregados (como smartphone, tablet, computadores, nobreak, roteador etc.), bem como o sistema de emissão de laudos de vistoria.
Investir nos dispositivos e softwares certos faz toda a diferença tanto durante a auditoria de credenciamento do Detran como na operação da ECV a longo prazo.
Por isso, a fim de evitar equívocos, é importante contar com o conhecimento de profissionais experientes no segmento, como é o caso do Grupo Otimiza, com mais de 23 anos de vivência.
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